segunda-feira, 26 de maio de 2014

Uma imagem mente mais que mil palavras


Recentemente, vi na televisão a propaganda do Snake Venom.

Sabe o que é isso? É um poderoso fármaco capaz de rejuvenescer a pele, que combate as rugas, revitaliza, ilumina o tom de pele, tem ação anti-oxidante, combate radicais livres....


Assista a constrangedora propaganda aqui em baixo, e continue a ler o texto.





Vendo a propaganda, fica claro que os produtores do creme foram muito humildes. Deveriam ter também mencionado o milagroso poder do creme de aplicar batom, base, sombra, lápis, rímel, luzes no cabelo, sorriso, iluminação adequada, Photoshop, e o seu incrível poder de melhorar o talento do fotógrafo.

Charlatanismo cara-de-pau.

Depois de ver a propaganda, fiquei pensando "Ninguém vai cair numa ladainha dessas, tá na cara a manipulação da propaganda."

Então fiquei triste, porque percebi que as pessoas ainda fazem isso.

Recentemente me deparei com esta postagem sobre "33 fotos de antes e depois que comprovam que dentes bonitos podem mudar todo o seu rosto". Super legal, bom incentivo para você cuidar dos seus dentes, dar um dinheirinho para um ortodontista, e rir de como algumas celebridades eram "feias" antes do tratamento odontológico.

Só que não.

Não digo que você não deva cuidar dos seus dentes (cuide deles, são os únicos que você tem), mas tenho desgosto pelo argumento forjado na manipulação de fatos. Se você precisa manipular para defender seu argumento, você precisa de argumentos melhores.


A postagem incluía fotos antes e depois, como estas:






Olhe só como o tratamento dentário mudou totalmente a expressão facial, a iluminação da foto, a qualidade do penteado, a resolução da máquina fotográfica, a pose....

Em ciência, temos o conceito de "isolar variáveis". Se você quer provar que gritar com a planta faz ela crescer mais rápido, você não pode regá-la mais do que as outras, adubá-la mais do que as outras, podá-la melhor do que as outras. Você tem que tratar todas iguais, e "deixar que a diferença faça a diferença". É por isso que, em todo tipo de pesquisa, existe grupo de controle, remédio placebo, amostra "zero", objeto de referência e etc. Você tem que garantir que o seu objeto de estudo é a única diferença entre as duas situações.

Faça um favor à si mesmo, garanta sua integridade, e não fique escolhendo quais virtudes você vai ressaltar e quais defeitos você vai omitir. Seja realista, seja prático, sincero, profissional e transparente. Se o seu argumento é ruim, seja honesto, e não fique pegando carona em oportunismos e erros lógicos.

No caso, se o tratamento dentário é tão eficiente assim na melhora da aparência, faça uma comparação simples, prática, com fotos simétricas, e não pegue carona em artifícios de maquiagem e fotografia. Se a sua ideia tem limitações, mencione-as. Se o seu serviço demora, avise. Se você não sabe, diga.


E, sim, aplique isso em todas as áreas da sua vida. Não fique caçando defeito no seu colega de trabalho que trabalha melhor do que você, nem fique caçando virtudes para justificar a burrada que você cometeu. Seja claro, seja transparente.

Afinal, se você precisa mentir para defender seu ponto de vista, nem mesmo você acredita nele. Você só faz as pessoas acreditarem em uma falsidade, e gera desilusão e problemas para quem for enganado pela desinformação que você criou.

Se você precisa vender o seu peixe, deixe que ele cheire a peixe. Passar perfume vai deixá-lo com gosto amargo.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

A parte difícil de abrir um blog.

Olá, internauta.

Você tem um blog? Sim? Não? Já pensou em ter? Eu pensava em ter e agora tenho, só não esperava as dificuldades que teria.

"Como assim? Abrir blog é tão fácil!"

É fácil como webpage. Escolher um nome demora um certo tempo de meditação e uns toques de criatividade. E o layout exigirá um toque de experiência com bom gosto.

Mas não é isso que me preocupa....



O que me preocupa é o futuro do blog e seu conteúdo. Que tipo de ideia alimenta um blog? Blog gosta só de um tema? Ou posso alimentá-lo com todo tipo de pensamento? E se ficar um tempo sem comer, o blog morre?

Figuras de linguagem à parte, outra preocupação é o desenvolvimento das idéias que tentarei publicar aqui.  Linhas de pensamentos não surgem na hora que o blogueiro senta-se à frente do PC. Elas são construídas ao longo de dias e semanas, à base de conflitos intelectuais, morais e sociais que são observados pelo blogueiro, processados, meditados, e manifestados na forma de uma "postagem".

Muitas vezes essas postagens virão de algum conflito recente com um parente ou amigo. Alguma discussão rotineira que gerou uma "tensão", que virou meditação, que virou ideia, e virou postagem. A postagem nasceu de uma discussão, mas ela não é a discussão. A postagem final não é uma indireta à alguém. A postagem não é uma resposta furtiva que não veio rápida o suficiente para que fosse dita "na cara". A postagem é uma construção de uma ideia na forma de texto, para ser compartilhada com outros, e ser desenvolvida futuramente.

Então, caro internauta, amigo, ou parente que ler este blog, saiba que a postagem não é para você. Não se ofenda se me vir falando aqui sobre algo que você fez recentemente. Não seja excessivamente sensível. Prometo que não mencionarei pessoas reais, e, se mencionar, o farei em modo anônimo. Não para que seja uma indireta, mas para que sirva apenas de ilustração em um contexto maior, isto é, compartilhar uma ideia.

Postagens são apenas postagens, ideias são apenas ideias. Maduras, imaturas, complexas ou simples. São apenas ideias em manutenção.

E eu vou estar errado mesmo, na maioria das vezes, como todo mundo que comenta ou posta em blog por aí...


Desculpe por inaugurar o blog com meta-linguagem, e boa internet para você hoje. ;)


Leandro